sábado, 7 de março de 2009

Nietzsche por Renata Lessa



“Quem tem PORQUE viver
Suporta qualquer COMO.”
Nietzsche

Por que viver? Viver, pra quê? Qual o propósito que se tem na vida? Outro dia mesmo perguntava isso para uma amiga. Surpresa fiquei pela falta de resposta dela, mais surpresa ainda pelo meu próprio silêncio. E com isso me pus a pensar.
Muitas vezes passamos minutos, horas, dias, meses, anos. sem nos dar conta do porquê de estarmos vivos. Qual razão nos faz seguir adiante? Simplesmente vamos vivendo. Ou sobrevivendo?
Acordamos cedo, vamos à faculdade, seguimos pro trabalho, corremos, malhamos, cuidamos da casa, dos filhos, dos pais. Não cuidamos de nós. Dormimos tarde, dormimos muito, dormimos pouco. Trancamos as portas, abrimos a garagem. Casamos, nos separamos, juntamos as coisas e vamos embora. Chegamos tarde, partimos muitas vezes cedo, cedo demais. Cuidamos da bolsa, da carteira, do bolso. Não saímos à noite, saímos preocupados. Amamos, odiamos, não sentimos nada. Sentimos medo, sentimos falta. Hora estamos cheios, hora bate o vazio. Que vida é essa? Por que isso tudo? Por que esse nada?
A vida é dura, é louca, cruel. Disso, todos já sabemos. Uns mais, outros nem tanto, mas qualquer um está sujeito a passar por qualquer tipo de agrura nessa misteriosa e fascinante viagem pela Terra. Fome, miséria, injustiças, violência, falta de paz, vazio no peito, carências, falta de amor, maldade em excesso., vaidade em excesso. Tudo faz parte de um cardápio interminável de fatos cruéis que nos atinge, aflige a todo tempo. Cardápio indigesto? Talvez sim e que, para muitos , desce arranhando, goela abaixo, insipidamente. Ou que trava a língua com palavras e sentimentos de desânimo, desencanto, descontentamento - sem nenhum fundamento.
Mas a vida pode surpreender muito também. E surpreende aqueles que sabem tirar de tudo o melhor proveito. Surpreende e dá forças para quem sabe o porquê de estar vivo e aceita todos os desafios em prol de algo interior, superior. Para quem compreende que não veio a passeio e que entende que, apesar de saber que a passagem e hospedagem são curtas, é preciso superar e suportar qualquer COMO, aprendendo a cada dia o fascinante espetáculo que é a VIDA. Que atua como artista principal e não fica sentado, de espectador. Que aplaude de pé sua própria atuação, não espera reconhecimento da platéia, e que atua em prol de um objetivo maior - o que busca em si, para si e para os outros. Que faz a diferença nesse mundo mecânico de pessoas que teimam em ser iguais. É... Viver verdadeiramente é para poucos.
Se tenho ou não razão no que escrevo não importa. O que importa é que tenho dentro em mim razão maior - a de VIVER.


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